Mãe não tem perfume porque tem cheiro, dizia o Padre naquela manhã.
Elas possuem um modo caseiro de olhar os fatos, as pessoas, seus filhos e a família. Tem um jeito de intuir o futuro, adivinha-lo com noventa e nove por cento de ac erto e embora cheia de palavras, sabe fazer silêncio, colocá-las na ordem das emoções, falar com os olhos e até nada fazer, fazendo de conta que sua presença já não é o suficiente para nortear passos, afetos e as decisões mais importantes da vida de alguém.

Santa Teresa, a de Calcutá, segundo os sensacionais relatos de Brian Kolodiejchuk, dizia preocupar-se com pessoas tristes. Afirmava a santa que, por certo, pessoas tristes devem estar recusando alguma coisa a Jesus. É desta maneira tão curiosa que mãe não tem perfume, porque vive envolvida por esta espécie de alegria generosa, que nada nega, escondendo com delicadeza sacrifícios e sonhos.
Não tem perfume, porque exala cheiro de Deus, transforma tudo em oportunidade de amar, em forte impulso de agir sem demora. Mesmo se não existem alegrias, quando as coisas não são nada fáceis, embora sendo difícil mesmo, um perfume de generosidade coroa gestos, duros trabalhos e cuidados até desnecessários.

Mãe não tem perfume, porque enxerga de um modo que só quem engravida entende. Trata-se de uma visão maior! Suas humilhações, assim, são nutridas por esperas que as mantêm sempre fortes; seus sofrimentos serão sempre os mais escondidos e medonhos como os da Mãe das mães. As ingratidões, a falta de um ‘muito obrigado’, de nada as impede de seguir lavando, passando, levando na escola, cozinhando e economizando.
Mãe cozinha, mas passa fome; limpa, mas vive de avental; chora mas ninguém vê suas lágrimas; trabalha, mas vive sem um tostão... não tem perfume, mas transpira Deus.
Obrigado, Pe. Fabrício! Somente sua criatividade irreverente e boa, pra me fazer entender melhor o “cheiro” que as mães possuem.”
(Fonte: Ricardo Sá, escritor e membro da Canção Nova)
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