Esmola. Dar ou não dar, eis a questão...
por Franco Caetano*
No final de semana passado presenciei um episódio que me fez refletir o famoso e complexo assunto da esmola.
Preparávamo-nos para assistir a uma celebração em uma de nossas igrejas, quando um senhor até que bem vestido prostrou-se diante da comunidade presente e fez seu discurso de piedade.
Dizia necessitar de certa quantia para que pudesse retornar a seu estado de origem: Goiás. Alegava que já havia vivido situações não muito confortáveis em sua vida, tendo parte dela consumido por envolvimento com drogas, álcool e delitos prejudiciais.
Após o discurso alguns fiéis presentes deram-lhe uma ajuda que foi se somando, até que o responsável pela igreja interviesse e com postura firme tentou corrigir o ato denominado como não apropriado para o momento.
O responsável disse ao pedinte para aguardar a presença de outro coordenador de pastoral para que a “esmola” fosse, possivelmente, sanada.
Nessa mesma celebração, muito foi esclarecido sobre a justiça entre pessoas, povos e situações que diariamente somos personagens principais.
O número de pedintes na cidade e em todo o Brasil aumenta a cada dia. Para estacionar um carro nas ruas do centro, temos que arcar com despesas aos “guardadores de plantão” que se dividem para receber nossas esmolas.
Não tenho dúvida de que alguns desses “guardadores” realmente observam e fazem um bom uso da esmola recebida. Mas há tantos outros que só servirá para que seus dias sejam ainda mais penosos.
Acreditamos que uma simples esmola não será suficiente para atender às necessidades básicas do pedinte, e assim ele também o faz por comodismo ou preguiça de conquistá-lo da forma legal e moral.
Vimos pedintes jovens e até robustos pelas ruas, e poderiam estar contribuindo com trabalhos formais e dignos para fazer valer o seu suor.
Não será desta forma que, comovidos por discursos piedosos, contribuiremos para ver extinto o problema da desigualdade social.
Temos, sim, que ajudar nossas comunidades a realizarem um bom trabalho na busca de atender aos necessitados, com recursos que sejam organizados e bem distribuídos.
Não somos culpados por estarem em situações até desumanas, mas devemos cobrar e participar de trabalhos voltados ao atendimento aos mais necessitados. Desta forma não estaremos tampando o sol com a peneira, mas abrindo novos horizontes de luz.
* Franco Caetano é escritor, coordenador de produção, 33 anos, casado, futuro papai, reside e freqüenta a Igreja no Bom Jesus.