NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS E A MEDALHA MILAGROSA
( por Rochele P. Pagotti)
A Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças, cuja festa é comemorada no dia 27 deste mês, é um poderoso recurso oferecido pela Mãe de Deus aos homens, especialmente adequado a épocas de crise como a atual.
Foi em 1830 que Nossa Senhora apareceu, em Paris, a Santa Catarina Labouré, então jovem religiosa, e lhe ensinou a devoção da Medalha Milagrosa. Santa Catarina Labouré relatou sua visão: "A Virgem Santíssima baixou para mim os olhos e me disse no íntimo de meu coração: 'Este globo que vês representa o mundo inteiro (...) e cada pessoa em particular. Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem'. Então, o globo que tinha nas mãos desapareceu e, como se essas não pudessem já com o peso das graças, inclinaram-se para a terra em atitude amorosa. Formou-se em volta da Santíssima Virgem um quadro oval, no qual em letras de ouro se liam as seguintes palavras que cercavam a Senhora: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Ouvi, então, uma voz que me dizia “Fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança” – prometeu a Santíssima Virgem.
Então o quadro se virou, e no verso apareceu a letra ‘M’, monograma de Maria, com uma cruz em cima, tendo um terço na base; por baixo da letra ‘M’ estavam os corações de Jesus e de sua Mãe Santíssima. O primeiro cercado por uma coroa de espinhos, e o segundo atravessado por uma espada. Contornando o quadro havia uma coroa de doze estrelas.
Essa visão se repetiu várias vezes sobre o sacrário do altar-mor; ali aparecia Nossa Senhora, sempre com as mãos cheias de graças, estendidas para a terra, e a invocação já referida a envolvê-la.
A promessa efetivamente se cumpriu. Quando iam ser cunhadas as primeiras medalhas, uma terrível epidemia de cólera, proveniente da Europa oriental, atingia Paris. No dia 30 de junho foram entregues as primeiras 1500 medalhas que haviam sido encomendadas à Casa Vachette, e as religiosas Filhas da Caridade começaram a distribuí-las entre os flagelados. Na mesma hora refluiu a peste e começaram, em série, os prodígios que em poucos anos tornariam a Medalha Milagrosa mundialmente célebre.
O Arcebispo de Paris, que autorizara a cunhagem da Medalha e recebera logo algumas das primeiras, alcançou imediatamente uma graça extraordinária por meio delas, e passou a ser propagandista entusiasta e protetor da nova devoção. Também o Papa Gregório XVI recebeu um lote de medalhas, e passou a distribuí-las a pessoas que o visitavam.
Até 1836, mais de 15 milhões de medalhas tinham sido cunhadas e distribuídas, no mundo inteiro. Em 1842, essa cifra atingia a casa dos 100 milhões. Dos mais remotos países chegavam relatos de graças extraordinárias alcançadas por meio da medalha: curas, conversões, proteção contra perigos iminentes etc.
Vale lembrar que não devemos considerar a medalha de Nossa Senhora das Graças um talismã ou um amuleto com poderes mágicos. Ela nos ajuda a conservar o amor da Virgem vivo em nosso coração e em nosso espírito, nos estimulando a demonstrar nosso reconhecimento através da fé e de um comportamento digno de um filho de Nossa Senhora.
A mensagem da medalha é clara: “Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Ela nos revela a Imaculada Conceição de Maria e sua cooperação na salvação concedida por seu divino Filho, bem como sua maternidade universal.
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